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Foto do escritorRafael e Jessi

Depressão pós-parto e o direito de não ser mãe, o testemunho de duas irmãs.

Nesta caminhada de Ajudar a Sanar, deparei-me com o facto de procurarem as nossas terapias complementares, mulheres debilitadas e fragilizadas nas suas emoções maternais… além de se sentirem deprimidas, sentem que estão “sozinhas” nesta dor, sentem-se julgadas e culpadas por estes sentimentos!


Tenho uma irmã, a Nícia, que sofreu uma depressão pós-parto, uma vivência em que sentiu essa dor e incompreensão...


Eu, por outro lado, senti o julgamento da sociedade, não pelo facto de ser mãe, mas precisamente pelo contrário… por isso decidimos partilhar com vocês um pouco das nossas histórias: o testemunho de duas irmãs e o tema maternidade!


A minha irmã Nícia sofreu de depressão pós-parto, uma dor e tortura emocional no seu interior. Uma fase de revolta, de incompreensão, de rejeição e muita solidão… Pensando que o nascimento do seu filho seria o melhor da sua vida, eis que, na ansiedade de ver o momento acontecer, essa depressão abraça o momento de ser mãe… (a ansiedade que está associada à gravidez é um dos vários factores que ajuda a desencadear esta depressão). Ter uma depressão pós-parto é como dar à luz e, ao mesmo tempo, ficar às escuras … Fica aqui o seu testemunho:


Depressão pós-parto, com Nicia Cruz

Tive um parto bastante difícil: febril e com muitas dores acabei por dar à luz com a ajuda da ventosa. O meu filho teve icterícia, e por isso, precisou de receber luz ultravioleta. Isso implicou que eu não pudesse mimar o meu filho tanto quanto gostaria, ou acalmá-lo o tempo que precisava quando chorava.

Permaneci no hospital por mais dias do que gostaria. Estava ansiosa por começar a minha família.

Quando cheguei a casa, senti-me sozinha. O meu companheiro trabalhava dia e noite para nos conseguir sustentar, visto que eu estava sem trabalho e não tinha qualquer rendimento.

Eu queria dar o meu melhor ao meu filho, e não conseguia. Senti-me culpada, com raiva de mim mesma. Um dia, cheguei ao fundo do poço...

E foi nesse momento que decidi que era altura de mudar a minha perspetiva. O meu filho merecia uma mãe feliz. Eu amava-o, amo-o, mais do que tudo neste mundo e, por ele, se não por mim, seria capaz de tudo.

Com as terapias de Reiki, livros ligados à espiritualidade e a força de vontade, renasceu em mim o velho sonho de criar o meu próprio negócio e de partilhar a minha história para partilhar outras histórias. Agora, com muita paixão e entusiasmo, realizo não só o meu sonho, mas também os sonhos de quem me rodeia.”


Por outro lado, eu, Jessi, não sou mãe, devido ao meu percurso e história de vida!


Senti o abandono de mãe aos três anos e meio, mais tarde o do pai e, já com vinte e poucos anos, o da minha avó, o “pilar” da minha vida.

Sentia-me abandonada por toda a família e, principalmente, por aqueles que eu amava, aqueles em que eu depositava a minha confiança, a minha vida! Um dia decidi que o meu legado ficaria por aqui, não queria que uma criança sofresse o que eu sofri e não queria eu também sofrer mais… Assim, dei ordem mental a mim mesma que, se dependesse de mim, da minha escolha, (porque o universo é sábio e sabe o que é melhor para cada um de nós :-) ) esse seria o meu direito – o direito de escolher não ser mãe.


"não quero ser mãe", livro de Laura Alves

Esta decisão trouxe consequências, como por exemplo, ser julgada pela sociedade, facto este que me levou a procurar livros de auto-ajuda sobre este tema, em busca de alguém que me compreendesse, alguém que não julgasse este direito e, acima de tudo, alguém que respeitasse a minha decisão! Foi uma fase difícil de aceitar, mas compreendi que não estava sozinha, havia outras mulheres que sentiam o mesmo que eu eu…. mas em silêncio!


Até breve,

Jessi Cruz e Nícia Cruz


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